"Tão abstrata é a idéia do teu ser que me vem de te olhar, que, ao entreter os meus olhos nos teus, perco-os de vista, e nada fica em meu olhar, e dista teu corpo do meu ver tão longemente, e a idéia do teu ser fica tão rente ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me sabendo que tu és, que, só por ter-me consciente de ti, nem a mim sinto. E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto a ilusão da sensação, e sonho, não te vendo, nem vendo, nem sabendo que te vejo, ou sequer que sou, risonho do interior crepúsculo tristonho em que sinto que sonho o que me sinto sendo. "
(Análise -
Fernando Pessoa)